"Enquanto a Cor da Pele dos Homens Forem Mais Importante do Que o Brilhos Dos Olhos, Haverá Guerras."
FAMÍLIA FATOR X Encerra Semana da CONSCIÊNCIA NEGRA

Por: Érika Sampaio

Parecia um domingo qualquer com músicas no mercado municipal da cidade de Uberaba, mas não foi; estava sendo realizado lá o encerramento da semana da consciência negra com presença da banda Black Music de Belo horizonte e Uberaba. Mais não estou aqui hoje para falar sobre isso, quero expressar a emoção e entusiasmo de ver algo novo, histórico e marcante para a cidade, a presença de um grupo de rap fazendo uma apresentação no mercado municipal desta cidade palco de bandas de outros gêneros, mas que neste domingo foi tomado pela voz da periferia. Família Fator X, grupo existente a quase uma década, que lançará seu 1º álbum ainda este ano representou o hip hop neste grande evento que aconteceu dos dias 19 a 25 do mês de novembro.
O senhor do engenho só mudou de face, paga salário mínimo e tem Jaguar na garagem e sou negra sim com muito orgulho tenho sangue de preto e não me envergonho” trechos das músicas Terra dos Diamantes e Somos todos Iguais demonstram o tom verdadeiro e forte que ecoou por todos os lados em um lugar que séculos atrás foi símbolo de escravidão que neste dia foi tomado por seus verdadeiros donos com seus sons trazidos da mãe África que até hoje canta sua liberdade.
O rap que sempre foi marginalizado e discriminado por pessoas que não querem dar voz a esse canto que vêem rompendo barreiras e cercas elétricas de condomínios está mostrando qual seu verdadeiro papel diante da sociedade que é trazer reflexão aos problemas sociais o que não significa que o mesmo tem que carregar o peso de salvar o mundo,"o Rap é como a mpb que um dia foi discriminada e marginalizada e hoje é exaltada pelos brasileiros,assim vai ser o Rap" ressalta um dos integrantes do grupo que completa dizendo que "MPB é Música Periférica Brasileira e que consciência temos que ter todos os dias e não apenas na semana da consciencia negra".
Quem esteve presente neste domingo que considero impar pode conferir e ter certeza que não é apenas de zebu que vive Uberaba.

TROCA DE IDEIAS COM ED ROCK - RACIONAS MC´S


EDI ROCK - por: Rachel Quitniliano
Apenas um rapaz comum“A lei da Selva é uma guerra... E você é o guerreiro....Rapaz comum...Apenas mais um rapaz comum”. Letra de Edi Rock – Rapaz Comum.O rap no Brasil faz-se presente há quase duas décadas e desde então tem como principal missão ou função levar as falas dos excluídos para o Mundo e cobrar mudanças. Isso lhe confere o direito, assim como de qualquer outro cidadão ou grupo social, de discutir e questionar a política, a economia, o acesso à educação, à saúde e etc e de inclusive refletir sobre suas próprias atitudes.Entretanto o processo de massificação do estilo na mídia e as manobras mercadológicas da indústria fonográfica, tem feito a Velha Escola do Hip Hop e do Rap especificamente, repensar suas estratégias para a manutenção e resistência do estilo. Para Edi Rock, mc do grupo de rap mais conhecido no país - Racionais Mc's – o rap sofre um processo de crescimento muito rápido, no entanto, vem perdendo muito na qualidade e na crítica, exatamente por conta da desvirtuação de sua função ou natureza original.Quais são os fatores que tem levado o rap a perder qualidade?
Edi Rock - O rap cresceu muito, ganhou quantidade e perdeu em qualidade e esse é um de seus defeitos e isso é o reflexo de uma série de faltas na periferia. As pessoas não lêem, não estudam, não tem trabalho. Além disso, muitos grupos só fazem rap por grana, dinheiro e assim acabam usando sempre as mesmas fontes até que ela esteja saturada ou porque tem medo de sair dos assuntos, que hoje estão em pauta, como o crime, as armas, as drogas. Mas isso é um erro, porque a mensagem e o coração devem ser colocados em primeiro lugar.

O dinheiro é a conseqüência, mesmo que pouco, afinal cantamos para um público pobre e o máximo que podemos alcançar é um estágio mínimo e respeitável.Como você, ou mesmo os Racionais tem atuado diante deste problema?
Edi Rock – O rap não perdeu sua função social, seu compromisso ao passar uma mensagem, ao representar a favela, a periferia e eu exercito isso fazendo música para mim, para os Racionais Mc's e para outros grupos e assim a coisa se expande, prolifera. O rap é um conjunto de palavras e mensagens jogadas no ar e absorve isso quem se identifica. Quando estou escrevendo sei da responsabilidade que isso tem. Por outro lado, sempre existe gente nova junto com a gente. O RZO foi coisa nossa, o Pregador Lu, o Sabotage. O Racionais nunca vai sozinho, sempre investe e coloca, dentro de suas possibilidades, algumas peças importantes para que exista continuidade.





Quando o CD de vocês chega a uma família de classe média ou alta você acha que isso pode mudar o raciocínio delas em relação à periferia e aos problemas sociais, por exemplo?

Edi Rock – Dificilmente, 1%, sempre tem alguém, mas eu não estou do lado de lá e por isso é difícil responder. Aqueles que dizem fazer caridade e tem cerca elétrica em casa tem medo. Tem medo porque devem e são essas pessoas que bancam a opressão.

Mas o documentário Falcão, produzido pelo MV Bill e Celso Athayde, exibido em canal aberto, não fizeram as pessoas refletirem sobre o problema?
Edi Rock – De verdade mesmo muito pouco. Eu vejo por outro lado. O livro e o documentário foram lançados na Daslu e pelo que eu li ela contribui ou pode contribuir com a Cufa (Central Única das Favelas). Eu sei que isso é pouco, mas para quem está na periferia, a Cufa é um puta incentivo. Por isso, eu bati palmas de pé para o documentário Falcão, mesmo com muita gente criticando a iniciativa. Todo mundo fala, mas quero ver fazer. Como uma instituição como a Cufa vai se manter se eles não forem na Daslu, no Shopping Vila Lobos, visto que isso é fonte de dinheiro? Onde está o dinheiro? Na classe média e alta e é preciso alguém ir lá buscar. E quem está indo buscar? Quem está sendo Robin Hood? É o Bill, mas, as pessoas não entendem, estão com ciúme, inveja, dor de cotovelo, recalque. A favela não tem dinheiro então ele tem que ir lá buscar, levar para a Cidade Deus e ter o dele também, porque trabalhou dignamente. Este trabalho fez as pessoas pararem para olhar, analisar, discutir e polemizar. Eu apoio totalmente, isso é uma revolução. No documentário falou-se a verdade, bem falada, bem filmada. Mas as palavras não são vazias, toda ação tem uma reação e ele sabe e está preparado para este momento. Por isso, sempre que eu puder, até que me provem o contrário, vou defender o projeto dele, porque é para o bem, para a Cidade de Deus. Ele é inteligente, parceiro e o Celso tem uma visão administrativa, comercial importante e temos que ter vários assim no movimento hip hop.

Como você tem visto a crise política atual e essa série de escândalos do governo Lula?
Edi Rock - Tudo isso sempre existiu e só veio à tona agora porque é o PT que está aí, porque é o Lula, mas nem por isso eu deixo de acreditar nele, apesar das revistas, da mídia e de todo o sistema estar contra. Acho que o Lula não é capaz de mudar assim, da noite para o dia. Eu não posso desacreditar de uma pessoa que veio de onde ele veio. Ele está cercado de cobras, de pessoas intencionadas no dinheiro.Política é sinônimo de dinheiro, de paraíso fiscal, de conta na Suíça, de corrupção, hipocrisia. O Brasil é hipócrita, sujo e corrupto.

O Brasil tem solução?
Edi Rock - Não com a democracia, porque é mentirosa. As pessoas que estão na política só pensam em si, no bolso, são egoístas e mentirosas. Temos que reinventar, começar tudo outra vez, tem que prender esses caras aí. Mas, quem vai prender?O Brasil é preconceituoso em relação à cor, raça, credo, a tudo, é uma mentira e por isso eu não creio no país, na instituição.Aqui você tem que falar o que eles (os poderosos) querem escutar, tem que ouvir o que eles dizem, ver o que eles mostram, comprar o que lhe é sugerido, você não tem opção, é celular, tênis, roupa, carro. O país é isso, dinheiro, consumo e mentira. A gente vive em uma mentira e às vezes temos que mentir também para sobreviver. Mas eu acredito nas pessoas, ainda tem gente boa.

Fonte:::>Real hip hop
vistite o site:www.realhiphop.com.br

Troféu Raça Negra 2007

Em 2007, o Troféu Raça Negra chegou a sua quinta edição. Mais uma vez o palco da luxuosa Sala São Paulo foi o cenário onde estrelas, personalidades, empresários e todos que, de alguma forma, lutam pelas causas negras, desfilarão. Considerado o “Oscar” da comunidade negra, o Troféu Raça Negra é idealizado e realizado pela Afrobras e é o único que reconhece e valoriza o talento do negro brasileiro. A entrega do prêmio deste ano foi realizado no dia 18 de novembro, às 20h.
Depoimentos
Tony Tornado, ator




“O Troféu Raça Negra é uma necessidade que conseguimos suprir graças ao Zé Vicente. Antes, nós éramos como intrusos nos troféus dos brancos. Agora, criamos esse troféu não para os negros, mas para todos, para mostrar que é importante chegarmos na frente, mas sem passar ninguém para trás. Aqui, ganham todos. Não medimos número de discos vendidos, mas personalidade.”

Zezé Mota, atriz


“Sempre que ocorre um evento dessa natureza, eu atendo ao chamado. O interessante, neste encontro, é que na década de 1970 era difícil reunir negros ou não negros preocupados com o racismo. Fico emocionada ao ver o quanto isso mudou, ao encontrar colegas e ver que saímos das lamentações. Hoje, pessoas daquela época estão com projetos, seguindo em frente. Aprendi, com Lélia Gonzalez, que não temos mais tempo para lamúrias; temos que arregaçar as mangas e virar o jogo. Sinto isso, daí a importância desse troféu. Ele mostra a contribuição de cada um de nós na construção de um mundo melhor, mais justo.”

Bira Presidente, Fundo de Quintal



“Este prêmio é um incentivo grande para todos nós que fazemos alguma arte. É um evento que esperamos com ansiedade porque, nesse dia, somos agraciados não só pela arte, mas pelo amor à nossa cor. Esse encontro mostra muita gente que tem valor e não aparece. É preciso manter isso aceso, preservar.”

Sandra de Sá, cantora


“Ainda tem muita gente que desconhece o significado do dia 20 de novembro e, por isso, fico até encabulada e triste de falar sobre a essa luta que não deveria ter sido tão intensa. Hoje, observa-se que as consciências estão mudando e ainda mais agora com a educação e a cultura negra nas escolas. Sinto-me orgulhosa em participar do Troféu Raça Negra e de parte dessa história que não é só do negro para do Brasil. O País merece essa festa.”

Fabrício Santiago, ator


“Com esse sentimento de felicidade e de emoção retransmito meu abraço a todos os homenageados. Parabéns, vocês todos merecem. Eu me sinto muito feliz vendo a comunidade negra mostrando o seu valor. Essa é a primeira vez que participo desse evento e nem consigo expressar direito a sensação que sinto.”


Vencedores do Troféu Raça Negra 2007
Voto Popular
Valquíria Ribeiro - Atriz
Sérgio Loroza - Humorista
Jair Oliveira - Cantor
Déo Garces - Ator
André Ramiro - Ator do Ano
Diogo Silva - Esportista do Ano
Sheron Menezes - Homenagem por sua atuação na novela Duas Caras.

Categorias Institucionais

Mac Maharaj - Ex- combatente da guerrilha do congresso nacional africano contra o apartheid e ex- ministro do Transporte Sul-africano
Benedito Gonçalves - Jurista Desembargador Federal do Segundo Tribunal Federal do Estado do Rio de Janeiro
Benedita da Silva - Ex-governadora do Rio de Janeiro
Matilde Ribeiro - Ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR)
Janete Rocha Pietá - Deputada Federal
Almir de Souza Maia - Ex- Reitor da Universidade Metodista de Piracicaba - criador do primeiro projeto de inclusão de negros no ensino superior e parceiro da Unipalmares
Orlando Silva Junior - Ministro do Esporte
José Vicente, presidente da Afrobras - Sociedade Afrobrasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural e reitor da Unipalmares - Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares
fonte:website Troféu Raça Negra